Durante a conferência global da Nvidia 2024, uma palestra fascinante abordou a interseção entre inteligência artificial e criatividade humana. Com o exemplo da Getty Images, foi discutido como a empresa desenvolveu sua própria IA Generativa, baseada na solução Picasso da Nvidia, para gerar imagens com garantia de direitos autorais e remuneração justa para criadores.
Na palestra, Andrea Gagliano, Senior Director, AI/ML da Getty Images, discorreu sobre como a plataforma remunera continuamente os fotógrafos pelas fotos usadas no treinamento da ferramenta, a fim de estimular a indústria criativa a continuar produzindo materiais. Andrea comenta que, mesmo com um banco de imagens que representa apenas uma fração do que outras soluções de mercado como Midjourney usam, eles utilizaram toda a experiência da Getty para criar uma plataforma que entrega resultados superiores para usos comerciais.
A IA Generativa da Getty também foi desenvolvida de forma muito mais intencional do que as outras, a fim de representar de forma mais justa a sociedade e trazer resultados mais naturais e de maior qualidade. Então, quando se cria um prompt sobre um médico na IA da Getty, você recebe resultados com menos vieses do que em outras ferramentas. E quando se insere algo como pais trocando fraldas, recebe resultados mais naturais e não fantasiosos.
Andrea reforça ainda que a decisão de remunerar as pessoas responsáveis pelos dados usados no treinamento deve ser vista também como uma questão de sustentabilidade dos bancos de dados para treinamento criativo. Afinal, se não houver dados suficientes para o modelo evoluir, ele se tornará cada vez mais incorreto.
Como exemplo, ela trouxe o prompt de quatro gerações reunidas, o que pode se tornar cada vez mais comum no futuro, com as pessoas vivendo perto de 100 anos. Hoje, ainda não há imagens suficientes dessa cena para o modelo entender a demanda. E isso o impede de responder eficientemente. Ou seja, se os criativos pararem de refletir o mundo e registrar as mudanças sociais em grande volume, os modelos ficarão estagnados.
Para reforçar o ponto, Andrea traça um paralelo interessante da evolução das imagens mais buscadas no Getty Images nas últimas décadas, mostrando como os registros visuais refletem as mudanças sociais. Segundo Andrea, quando pensamos em remunerar criadores, não estamos pensando apenas neles ou no mercado como era, mas sim no futuro e na própria sustentabilidade dos modelos de IA Generativa.
O painel informal reuniu, pela primeira vez no mesmo palco, os inventores do modelo Transformer, a arquitetura que possibilitou o surgimento de ferramentas como o Chat GPT.
Pudemos acompanhar a história por trás da criação contada pelos pioneiros da invenção, desde quando a ideia surgiu para resolver problemas de velocidade de buscas e tradução no Google até curiosidades como o quase batismo do modelo com o antipático nome de CargoNET.
Jensen Huang, CEO da Nvidia, reforçou a importância do modelo para a evolução da Inteligência Artificial e estimulou o debate sobre as próximas fronteiras para a evolução dos modelos. Comentaram como o próximo passo provavelmente será ter algo capaz de reconhecer o tamanho do desafio e usar a capacidade computacional necessária, a fim de tornar a IA mais eficiente.
Hoje, por exemplo, uma pergunta de 2+2 pode acionar um modelo de 1 trilhão de parâmetros, o que não seria necessário se o modelo pudesse reconhecer o tamanho do desafio e acionar a capacidade computacional adequada para ele.
Falou-se muito sobre como, no futuro, um novo modelo poderá ser criado que use menos dados e menos capacidade computacional para chegar a resultados ainda melhores e mais sustentáveis.
No fim do painel, os palestrantes apresentaram brevemente as empresas que estão ajudando a construir hoje:
Em um dia marcado por insights inovadores e perspectivas revolucionárias, essas palestras iluminaram a interseção entre inteligência artificial e criatividade humana, apontando para um futuro em que a tecnologia não apenas reflete, mas molda de maneira positiva a sociedade.
Estamos diante de um momento crucial na evolução da IA, onde a colaboração entre humanos e máquinas promete transformar radicalmente a forma como interagimos com o mundo ao nosso redor.
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