LGBTQIAPN+: Mais que somente letras em uma sigla!

LGBTQIAPN+: Mais que somente letras em uma sigla!

O dia 28 de junho  é considerado mundialmente o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+. Para celebrarmos essa data, preparamos um guia rápido com tudo que você precisa saber para tirar dúvidas sobre a vivência e existência desse grupo tão marginalizado em nossa sociedade. 

Por que se comemora no dia 28 de junho ?

O dia 28 de junho  foi a data escolhida internacionalmente para celebrar o orgulho por conta da Revolta de Stonewall. Na mesma data do ano de 1969, o bar Stonewall Inn no East Village (Nova Iorque), foi palco de um conflito entre frequentadores e policiais. É importante frisar que, na época, a homossexualidade era criminalizada e integrantes da comunidade, marginalizados. O bar Stonewall era um local clandestino que servia como ponto de encontro, reconhecimento e proteção para pessoas queer. Após muitos casos de violência e truculência policial, naquela noite, a comunidade disse “basta!” e decidiu reagir. Seguiram-se 10 dias de conflito e manifestações nas ruas, com bastantes feridos, mas nenhuma morte. 

A partir do ano seguinte começou-se a comemorar essa data, lembrando-se da revolta que havia ocorrido e da mensagem de orgulho que havia sido transmitida. No Brasil, a primeira edição foi no dia 28 de junho  de 1997 e teve adesão de cerca de duas mil pessoas. Atualmente, a ONG Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOLGBT-SP) é responsável por organizar o evento anualmente, que ocorre durante o mês de junho  e conta com atrações artísticas, workshops e feiras culturais. 

Em 2023, a Parada LGBTQIAPN+ de São Paulo aconteceu no dia 11 de junho  e teve como tema “Políticas sociais para LGBT+ por inteiro e não pela metade”. 

O que significa LGBTQIAPN+? Por que a sigla é tão grande?

Cada letra da sigla representa um grupo pertencente à comunidade. Conforme são reconhecidos, são adicionadas letras para trazer visibilidade a eles dentro desse espectro tão complexo que representa tanto gênero quanto sexualidade. São:

  • L – Lésbicas. — Mulheres que sentem atração por pessoas com o mesmo gênero (feminino).
  • G – Gays. — Homens que sentem atração por pessoas com o mesmo gênero (masculino).
  • B – Bissexuais. — Pessoas que sentem atração por mais de um gênero.
  • T – Transgêneros. — Pessoas que não se identificam com o gênero imposto ao nascimento. Dentro desse grupo estão as pessoas Transexuais, que se identificam com o gênero oposto, e as Travestis, pessoas que vivenciam o gênero feminino, mas  não se reconhecem exatamente como homens ou mulheres, conforme o  esperado  pela sociedade. 
  • Q – Queer. — Categoria guarda-chuva que abarca qualquer pessoa que não se sente confortável em nenhum dos grupos e “transita” entre os gêneros, não sabendo muitas vezes como se definir. 
  • I – Intersexual — Pessoas que apresentam características biológicas de ambos sexos. Logo, essa categoria está ligada às categorias anatômicas e fisiológicas, diferentemente de outras que se referem à identidade de gênero ou orientação sexual. 
  • A – Assexual — Termo guarda-chuva que abarca pessoas com ausência de atração sexual de alguma forma, sejam elas totais, parciais ou condicionadas a uma determinada situação. 
  • P – Pansexuais — Pessoas que se atraem por pessoas sem levar em consideração gênero ou sexo. 
  • N – Não-bináries — Pessoas que não se identificam com a binaridade de gênero social, identificando-se com gêneros que fogem a esse padrão. Estão incluídas pessoas cujo gênero transita constantemente e pessoas que não se reconhecem com nenhum gênero existente. 
  • + – Sinal para incluir grupos e variações que podem não estar presentes ou que ainda não têm a devida visibilidade. Afinal de contas, o movimento é sobre somar e não subtrair 😉

Drag Queens/Kings são pessoas Transexuais?

Não. Drag Queens e Drag Kings são pessoas que maximizam estereótipos ligados ao gênero com intuito artístico, como forma de performance. Qualquer pessoa, independentemente de gênero ou orientação sexual, pode fazer parte dessas categorias. 

Gênero? Sexo? Orientação sexual?

Esses três termos são muito importantes na hora de compreender a vivência de pessoas LGBTQIAPN+. Vamos entender:

Gênero: Muito estudado e debatido, o gênero é atualmente reconhecido como um fenômeno social. São nossas vivências, posicionamentos, expectativas e como a sociedade nos enxerga que definem nosso gênero. Aqui, pessoas podem, em linhas gerais: 

  • sentirem-se confortáveis com o papel e a identidade de gênero que lhes foi imposta ao nascer (cisgênero); 
  • sentirem-se confortáveis com os do gênero oposto (transgênero); 
  • ou não se sentirem confortáveis com nenhum deles (não-binaridade).

Sexo: Sexo é biológico. Aqui estamos falando de indivíduos com tipos diferentes de células sexuais, como óvulos e espermatozoides . Nesse caso, dividem-se em Masculino e Feminino. Porém, é importante ter em mente que isso não é suficiente para delimitar o gênero de uma pessoa, que está muito mais ligado à identidade e reconhecimento social.

Orientação sexual: diz respeito à atração sexual de cada pessoa. Nesse caso elas podem ser, homossexuais, heterossexuais, bissexuais, pansexuais, assexuais etc. 

Obs. Gênero e orientação sexual não vêm juntas no mesmo pacote. Uma pessoa transgênero feminina que se relaciona como uma mulher cisgênero está num relacionamento homossexual. Assim como uma pessoa transgênero masculina que se relaciona com uma transgênero feminina está em uma relação heterossexual.

Dados críticos sobre a comunidade LGBTQIAPN+ no Brasil

  • A expectativa de vida das travestis e mulheres trans no Brasil é de 35 anos (IBGE);
  • A redução ou perda da renda, insegurança alimentar, situação de rua, pobreza menstrual e agravamento da saúde mental foram os desafios enfrentados pela comunidade na capital paulistana, sendo observado um impacto maior em pessoas trans (Casa 1);
  • Segundo dados da Pesquisa do Orgulho, conduzida pelo Datafolha, em parceria com Havaianas e a organização internacional All Out, pelo menos 37% da população LGBT+ tem dificuldade de acesso à educação, enquanto quase 40% enfrentam diariamente o preconceito em serviços de saúde;
  • 85% das trans (travestis e transexuais), já sofreram agressão verbal ou ameaça de agressão. Em relação à violência física, 60% das trans responderam que já foram agredidas (seguidas de 16% dos homossexuais masculinos). Em relação aos locais destas agressões, se concentram (72%) nos espaços públicos. (APOGLBT);

Bibliografia

DE JESUS, J. G. ORIENTAÇÕES SOBRE IDENTIDADE DE GÊNERO: CONCEITOS E TERMOS. abr. 2012.

FACCHINI, R. FRANÇA, I. L., VENTURINI, G.. SEXUALIDADE, CIDADANIA E HOMOFOBIA : PESQUISA 10ª PARADA DO ORGULHO GLBT DE SÃO PAULO – 2006. São Paulo: APOGLBT, 2007. Disponível em: http://www.paradasp.org.br/modules/mydownloads/singlefile.php?cid=1&lid=21

GOTARDI, F. M.; DOS SANTOS BASTOS PEREIRA, M. A. M. INCLUSÃO DA POPULAÇÃO TRANS NA CIDADE DE SÃO PAULO E O PROGRAMA TRANSCIDADANIA COMO POLÍTICA PÚBLICA DE APOIO À EMPREGABILIDADE. 2021.

LGBTQIAPN+: mais do que letras, pessoas. UFSC Diversifica, 25 jun. 2021. Disponível em: <https://diversifica.ufsc.br/2021/06/25/lgbtqiapn-mais-do-que-letras-pessoas/>. Acesso em: 21 jun. 2023

Queremos políticas sociais para LGBT+ por inteiro e não pela metade. Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, 4 2023. Disponível em: <https://paradasp.org.br/queremos-politicas-sociais-para-lgbt/>. Acesso em: 21 jun. 2023

Lucas Custódio

Lucas CustódioGraduado em Letras - Português/Inglês pela USP. Trabalha com redação há mais de 4 anos, com foco em Tecnologia e Carreira. É apaixonado por Storytelling, Literatura e Games.


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