Durante a conferência global da Nvidia 2024, uma palestra fascinante abordou a interseção entre inteligência artificial e criatividade humana. Com o exemplo da Getty Images, foi discutido como a empresa desenvolveu sua própria IA Generativa, baseada na solução Picasso da Nvidia, para gerar imagens com garantia de direitos autorais e remuneração justa para criadores.
Na palestra, Andrea Gagliano, Senior Director, AI/ML da Getty Images, discorreu sobre como a plataforma remunera continuamente os fotógrafos pelas fotos usadas no treinamento da ferramenta, a fim de estimular a indústria criativa a continuar produzindo materiais. Andrea comenta que, mesmo com um banco de imagens que representa apenas uma fração do que outras soluções de mercado como Midjourney usam, eles utilizaram toda a experiência da Getty para criar uma plataforma que entrega resultados superiores para usos comerciais.
A IA Generativa da Getty também foi desenvolvida de forma muito mais intencional do que as outras, a fim de representar de forma mais justa a sociedade e trazer resultados mais naturais e de maior qualidade. Então, quando se cria um prompt sobre um médico na IA da Getty, você recebe resultados com menos vieses do que em outras ferramentas. E quando se insere algo como pais trocando fraldas, recebe resultados mais naturais e não fantasiosos.
Andrea reforça ainda que a decisão de remunerar as pessoas responsáveis pelos dados usados no treinamento deve ser vista também como uma questão de sustentabilidade dos bancos de dados para treinamento criativo. Afinal, se não houver dados suficientes para o modelo evoluir, ele se tornará cada vez mais incorreto.
Como exemplo, ela trouxe o prompt de quatro gerações reunidas, o que pode se tornar cada vez mais comum no futuro, com as pessoas vivendo perto de 100 anos. Hoje, ainda não há imagens suficientes dessa cena para o modelo entender a demanda. E isso o impede de responder eficientemente. Ou seja, se os criativos pararem de refletir o mundo e registrar as mudanças sociais em grande volume, os modelos ficarão estagnados.
Para reforçar o ponto, Andrea traça um paralelo interessante da evolução das imagens mais buscadas no Getty Images nas últimas décadas, mostrando como os registros visuais refletem as mudanças sociais. Segundo Andrea, quando pensamos em remunerar criadores, não estamos pensando apenas neles ou no mercado como era, mas sim no futuro e na própria sustentabilidade dos modelos de IA Generativa.
O painel informal reuniu, pela primeira vez no mesmo palco, os inventores do modelo Transformer, a arquitetura que possibilitou o surgimento de ferramentas como o Chat GPT.
Pudemos acompanhar a história por trás da criação contada pelos pioneiros da invenção, desde quando a ideia surgiu para resolver problemas de velocidade de buscas e tradução no Google até curiosidades como o quase batismo do modelo com o antipático nome de CargoNET.
Jensen Huang, CEO da Nvidia, reforçou a importância do modelo para a evolução da Inteligência Artificial e estimulou o debate sobre as próximas fronteiras para a evolução dos modelos. Comentaram como o próximo passo provavelmente será ter algo capaz de reconhecer o tamanho do desafio e usar a capacidade computacional necessária, a fim de tornar a IA mais eficiente.
Hoje, por exemplo, uma pergunta de 2+2 pode acionar um modelo de 1 trilhão de parâmetros, o que não seria necessário se o modelo pudesse reconhecer o tamanho do desafio e acionar a capacidade computacional adequada para ele.
Falou-se muito sobre como, no futuro, um novo modelo poderá ser criado que use menos dados e menos capacidade computacional para chegar a resultados ainda melhores e mais sustentáveis.
No fim do painel, os palestrantes apresentaram brevemente as empresas que estão ajudando a construir hoje:
Em um dia marcado por insights inovadores e perspectivas revolucionárias, essas palestras iluminaram a interseção entre inteligência artificial e criatividade humana, apontando para um futuro em que a tecnologia não apenas reflete, mas molda de maneira positiva a sociedade.
Estamos diante de um momento crucial na evolução da IA, onde a colaboração entre humanos e máquinas promete transformar radicalmente a forma como interagimos com o mundo ao nosso redor.
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Confira os destaques da GTC 2024, a conferência global da Nvidia, em uma série de três conteúdos exclusivos que nosso Diretor Executivo, Pedro Braga, desenvolveu para nossos clientes e colaboradores.
A GTC da Nvidia costumava ser uma conferência de desenvolvedores. Costumava, porque a edição de 2024 se tornou o maior evento que São Francisco (CA) viu nos últimos anos, com direito a lançamentos dramáticos e pirotécnicos que prometem ampliar ainda mais os horizontes, as possibilidades e aplicações da Inteligência Artificial.
Durante os últimos dias, acompanhamos de perto tudo que pudermos entender de uma das grandes protagonistas dessa revolução, que tem deixado chacoalhado o mercado tecnológico e tem impactos em praticamente todas as indústrias.
100T USD é o tamanho estimado do mercado de tecnologia em alguns meses. Evidentemente, este será o mercado mais impactado pela revolução da Inteligência Artificial, mas Jensen Huang, CEO da Nvidia, logo na palestra de abertura, deixou claro que estamos diante de uma revolução que transformará a relação entre humanos e tecnologia, e não apenas a indústria da tecnologia.
Jensen comparou este momento à introdução da energia elétrica nas rotinas humanas, com a mesma amplitude de usos e impactos.
Segundo ele, estamos diante de uma revolução tecnológica que permitirá, em pouco tempo, que possamos capturar, entender, criar e redesenhar praticamente todos os aspectos da experiência humana digitalmente. Tudo o que puder ser digitalizado (incluindo proteínas, DNA, RNA, ondas cerebrais) poderá ser entendido, parametrizado e usado como base para simulações e novas criações.
Jensen anunciou parcerias estratégicas com grandes empresas como Microsoft e Siemens, lançou um novo chip Blackwell com capacidade ampliada de processamento e trouxe algumas aplicações emergentes impressionantes das novas tecnologias.
As aplicações demonstradas foram desde desenho de novas soluções médicas, predição de eventos climáticos extremos, passando por arte digital, uso acelerado de gêmeos digitais e o Project Groot, uma plataforma completa para criação e treinamento de robôs humanoides, capazes de aprender apenas observando seres humanos.
Brad Lightcap, COO da Open AI, é chamado de arma secreta de Sam Altman e tem sido peça fundamental no desenvolvimento da empresa. Durante a conversa, Brad explorou a rápida evolução da Open AI e como soluções como Chat GPT estão sendo adotadas por empresas de diferentes setores.
Assim que a solução ganhou tração, grandes empresas buscaram a Open AI para implementar rapidamente de alguma forma a inovação. O time interno disse que pareciam mais terapeutas que vendedores, por conta da quantidade de desafios corporativos que ouviam de cada cliente. Mas este não parece ser o caminho mais curto para extrair valor da inovação e Brad compartilhou algumas dicas interessantes.
Uma boa prática, segundo Brad, é começar com uma aplicação pequena, pensada para resolver uma parte específica do fluxo de trabalho. Essa abordagem permitirá criar um caso de uso real e escalável. Muitas vezes, reduzir uma ou duas horas nas análises financeiras que um grande time faz diariamente pode ter um grande impacto na organização.
Outra boa prática é não limitar as ambições. Mesmo que se inicie com uma aplicação delimitada, a visão deve ser ampla. Se você começou usando a IA para comparar planilhas, já pode explorar prompts para gerar insights automáticos dos dados ou criar gráficos, por exemplo.
A terceira dica valiosa é: ampliar o contato com a tecnologia. Brad conta que muitas empresas descobriram diversos usos novos para o Chat GPT uma vez que os times entenderam as possibilidades e começaram a testar soluções para seus próprios problemas.
Afinal, ninguém melhor que o usuário para entender onde aplicar uma tecnologia com tantas possibilidades.
Segundo Brad, a Open AI não planeja criar soluções de uso específico, mas focar seus esforços em habilitar empresas para fazê-lo:
“Toda vez que pensamos em criar algo para um uso específico, lembramos que em algum lugar do mundo tem alguém que se importa mais com esse problema do que nós. Por isso, estamos focados em evoluir nosso modelo. O próprio Chat GPT é apenas uma forma de acessá-los.”
Sobre o quão grandes os modelos de linguagem realmente precisam ser, Brad diz ter espaço para todos. Segundo ele, da mesma forma como você não usa uma centena de doutores para resolver uma tarefa simples, talvez não faça sentido usar um grande modelo de última geração para tudo.
Sobre os próximos anos, Brad diz que não pode falar muito, mas que certamente alguém que nasça hoje terá uma relação com a tecnologia absolutamente diferente do que nós temos. Coisas básicas como interfaces gráficas, arquivos que precisam ser encontrados em pastas e e-mails não farão mais o menor sentido.
Toda lógica de “arquivar, registrar e resgatar” informação pronta e estática será substituída por uma abordagem mais generativa, onde a informação é construída instantaneamente, a partir do uso necessário a cada momento. É uma mudança fundamental na forma como interagimos com a tecnologia, que deve ampliar muito os horizontes e gerar infinitas possibilidades.
Nesse painel, os CIOs e VPs do LinkedIn, ServiceNow, Nvidia e SentinelOne deram exemplos reais de como estão usando IA para transformar seus negócios, quais são os desafios e as oportunidades.
Sabry Tozin, VP de Engenharia do LinkedIn, revelou que um dos primeiros casos de uso da tecnologia foi a otimização do tempo dos times técnicos, que passaram a automatizar tarefas de migração e manutenção de código de forma inédita. A partir dessa conquista, a equipe não parou mais de inovar.
Hoje, a GenIA já possibilita que o SAC do LinkedIn seja feito em qualquer língua por profissionais de qualquer lugar com tradução em tempo real. Isso permite, por exemplo, que a empresa foque em formar os melhores especialistas na plataforma sem se preocupar com os idiomas ou onde vivem.
Chris Bedi, CIO da ServiceNow, diz que eles têm trabalhado como nunca para integrar IA em absolutamente todos os produtos e fluxos de trabalho. Segundo ele, a ServiceNow vem trabalhando com dois horizontes de duas velocidades para IA. No primeiro, analisam com urgência como os processos atuais podem ser mais eficientes ou melhores usando as capacidades de IA. No segundo, reinventam os processos de forma ágil para criar uma visão de processos IA First, com transformações mais profundas num horizonte de dois a três anos.
Em apenas 4 meses dessa abordagem e de uso oficial interno, a ServiceNow criou mais de 20 casos de uso e ampliou a produtividade de fluxos de trabalho gerais em 10%, a produtividade de atividades relacionadas a clientes em 14% e a dos times de desenvolvimento em 5%. Hoje, a IA da ServiceNow já representa o trabalho de 50 pessoas e gera mais de 10 milhões de dólares em benefícios.
Sandy Venugopal, CIO da SentinelOne, conta que a IA tem permitido identificar, avaliar e classificar anomalias de uso a fim de identificar riscos de cibersegurança de maneira mais rápida e eficiente que nunca. Atualmente, eles têm observado todos os processos internos e suas etapas para entender quais poderiam ser total ou parcialmente automatizados com IA.
Sandy comenta que é essencial criar um time de entusiastas curiosos (champions) e armá-los com as plataformas e acessos necessários para explorar as possibilidades, cometer erros em ambientes seguros e começar a encontrar soluções por meio da IA.
Sabry, do LinkedIn, ressalta que outro ponto importante para acelerar a adoção e a geração de valor é ter um bom equilíbrio entre o que é desenvolvido em casa e conexões com o ecossistema (inovação aberta).
Segundo ele, uma boa prática na hora de decidir o que comprar e o que criar internamente é avaliar se o desafio é peculiar do seu negócio ou pode ser comum a outras empresas. Se for um desafio amplo, é bem provável que exista uma solução já avançada para ele e o foco deveria ser em encontrá-la e integrá-la.
Ramma Akiraju, VP, Enterprise AI and Automation da Nvidia, acredita que um ponto importante é criar um senso de propósito muito forte na hora de decidir como organizar os dados e disponibilizá-los para IA. É preciso pensar nesse ponto desde o início: no uso, nos benefícios, nos riscos, mas principalmente em dar aos times os acessos que eles precisam para criar soluções.
Ramma defende que, em breve, as empresas líderes terão agentes de IA sendo criados, treinados e otimizados para resolver problemas em todas as partes da organização. Serão parte integrante dos diferentes times e auxiliarão as empresas a atingirem patamares de eficiência e qualidade que hoje são difíceis de imaginar.
Com parcerias estratégicas, novas aplicações e uma visão ampla do futuro, a conferência deixou claro que estamos apenas no início de uma jornada que promete revolucionar completamente a forma como vivemos e trabalhamos.
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No mundo do marketing B2B, onde gráficos sérios, altamente racionais e jargões comerciais costumavam reinar, empresas de tecnologia nativas digitais e startups estão desafiando a monotonia com uma abordagem ousada e divertida em suas campanhas. Buscando uma imagem mais moderna, criativa e ágil de se comunicar (e se conectar com os clientes e colaboradores), elas têm aplicado o humor em suas campanhas.
Seguindo essa nova tendência em perfis jovens e modernos, a Agência Sabiá vem mostrando que é possível rir enquanto se fecha negócios.
O marketing B2B divertido refere-se a uma abordagem inovadora e descontraída no marketing business-to-business (B2B). Em vez de adotar a tradicional seriedade associada ao ambiente empresarial, as empresas estão incorporando elementos de humor e criatividade em suas estratégias de marketing direcionadas a outras empresas.
Nessa abordagem, as empresas buscam se destacar da concorrência não apenas pelos seus produtos ou serviços, mas também pela forma como comunicam suas mensagens. Isso pode envolver o uso de linguagem descontraída, conteúdo engraçado e memes em campanhas, participação em redes sociais de maneira mais leve e até mesmo a incorporação de elementos divertidos em apresentações de vendas e reuniões.
Anúncios agradáveis e memoráveis testam a simpatia e são um preditor útil do engajamento dos clientes e colaboradores, que reflete no bem-estar, construindo memórias da marca que tornam as relações mais autênticas, gerando oportunidades e crescimento das vendas.
O humor ganhou destaque no marketing B2B devido à evolução do próprio mercado, conforme explica Pedro Braga, diretor executivo e fundador da Agência Sabiá. “Anteriormente reconhecido por sua abordagem altamente racional e focada em resultados técnicos, o mercado B2B passou por mudanças significativas com a maturidade crescente e a adoção de soluções mais amplas, incluindo startups e empresas digitais nativas”.
Essas mudanças, pontua Braga, foram impulsionadas pela necessidade de diferenciação em um mercado competitivo e pela transformação das próprias empresas B2B, agora representadas por equipes jovens e ágeis que buscam se comunicar de maneira moderna e criativa
Assim, o humor emergiu como uma estratégia eficaz para se conectar com esse novo perfil de cliente e atender às demandas de um mercado cada vez mais maduro e diversificado. Ao discutir a estratégia de comunicação, Braga destaca a importância de entender e se adaptar aos diferentes públicos-alvo. Ele enfatiza a necessidade de utilizar diversas ferramentas emocionais, incluindo o humor, para transmitir mensagens de forma eficaz.
Para imaginar como funciona esse modelo, vamos analisar como duas empresas, atendidas pelo ninho da Agência Sabiá, se posicionam com humor em canais diferentes de comunicação.
A abordagem ousada da Tsoft, empresa da área de tecnologia da informação, destaca-se no mercado B2B pela sua perspectiva divertida e humana nas redes sociais. Mariana Murias, diretora da área de serviços da empresa, compartilha como o uso do humor se tornou um ato de empatia, aproximando a marca de seu público e criando uma atmosfera positiva nas interações digitais.
A empresa percebeu que o humor não só é bem-vindo, mas também valorizado pelos clientes empresariais, destacando a importância de uma abordagem ousada, inteligente e respeitosa no mundo dos negócios.
A Tsoft enfrentou desafios ao embarcar nessa nova abordagem, mas com a orientação da Agência Sabiá, conseguiu encontrar o equilíbrio entre criatividade e profissionalismo. Essa cooperação resultou em um crescimento consistente e orgânico para a Tsoft, com uma presença digital mais forte e uma imagem de marca mais sólida.
“Observamos que o aumento no engajamento gerado por nossa abordagem descontraída se traduz em uma melhoria nas conversões. Um exemplo claro é quando alguns clientes se identificam com essa abordagem divertida ou ‘fora da caixa’, o que resulta em interações mais significativas: eles compartilham nossas publicações, participam ativamente da conversa e até nos dão ideias para expandi-la”, disse Mariana Murias, diretora da área de serviços da Tsoft.
A NTSec, empresa brasileira do mercado de segurança da informação, inovou em sua estratégia de marketing ao utilizar memes e figurinhas personalizadas, desenvolvidas pela Agência Sabiá, como ferramentas para gerar engajamento na troca de mensagens internas e quebrar a austeridade da área de segurança.
Essas peças de conteúdo criativo foram cuidadosamente projetadas para incorporar os colaboradores da empresa, dando-lhes uma identidade reconhecível e estabelecendo uma conexão emocional com o público-alvo na comunicação interna da empresa, tendo resultados positivos conforme observa Eduardo Silva, diretor de marketing da NTSec.
“Desejamos humanizar a comunicação e o fizemos de dentro para fora, buscando utilizar ferramentas mais confortáveis no dia a dia. O fato é que o WhatsApp é o canal mais ágil e interativo e hoje fazemos uso dele para todas as comunicações. As figurinhas, memes e afins, fazem sim sucesso e reforçam muitas vezes mensagens importantes que poucos acessariam em outro canal, como e-mail por exemplo. Além de deixar a comunicação mais leve, inspira a criação e interação entre as regionais, aproximando colaboradores que estão fisicamente distantes”, informou Eduardo.
Ao integrar os próprios funcionários nas mensagens humorísticas, a empresa conseguiu criar um ambiente descontraído e autêntico nas suas comunicações. O que resultou em uma maior interação e envolvimento por parte dos colaboradores, contribuindo para um ambiente mais agradável e produtivo, que acaba refletindo no atendimento aos clientes. Essa abordagem fortaleceu o senso de comunidade e pertencimento na empresa.
“O mais importante é entender a linguagem do seu mercado e adequá-la com bom senso e sabedoria. Acredito que estamos no caminho, com leveza, criatividade e inteligência”, ele finaliza.
À medida que o marketing B2B abraça a diversão, especialistas preveem um futuro mais leve e cativante para o mundo empresarial. As empresas que ousam ser diferentes, como a T-Soft e a NTSec, estão colhendo os benefícios, criando relações mais autênticas com seus clientes e quebrando as barreiras do formalismo.
Com um olhar para a América Latina, Braga destaca o caráter bem-humorado e divertido do povo latino-americano, sugerindo que as empresas devem incorporar esses elementos em suas estratégias de comunicação.
Ele enfatiza que o humor não compromete a seriedade da entrega de valor da empresa, mas sim a forma como essa entrega é comunicada. E destaca a importância do humor na conexão com públicos jovens e na atração de talentos para empresas em rápido crescimento. “O povo latino-americano é um povo que tem humor com parte do seu DNA. É natural que as empresas também busquem isso”, relaciona.
Se a vida é curta, por que não tornar os negócios mais divertidos? O marketing B2B está provando que o humor não é exclusivo do B2C. É hora de rir no escritório e ainda fechar grandes negócios!
Uma agência especializada em Gestão de Mudança compreende as complexidades das transformações organizacionais e adapta a comunicação usando recursos internos das empresas, evitando armadilhas comuns desse processo e alcançando resultados positivos. Além disso, personaliza estratégias de comunicação de acordo com cada projeto, diferenciando-se da comunicação interna cotidiana.
Grande parte das consultorias que oferecem serviços de Gestão de Mudança possui habilidades de comunicação, porém, nem sempre estão preparadas para direcionar essa comunicação de forma eficaz para os recursos internos da empresa. Este é um aspecto no qual a Agência Sabiá se destaca. A Sabiá adota uma abordagem altamente personalizada, aproveitando as ferramentas internas de comunicação das organizações e propondo estratégias integradas para a Gestão da Mudança.
Os canais, personas, público-alvo e frequência são adaptados especificamente para atender às necessidades do projeto em transformação. Esse processo difere dos fluxos de comunicação interna usuais, uma vez que envolve uma mudança no próprio fluxo usual de comunicação. Em resumo, a abordagem da Agência Sabiá valoriza a personalização, a eficiência e a integração com as operações internas da empresa, garantindo que a comunicação seja um componente-chave para o sucesso da transformação.
“As pessoas têm todo o direito de se conectarem ou não com uma mudança. E evidentemente isso pode determinar a permanência ou não delas numa empresa que precisa e deve mudar. Felizmente, quando uma empresa segue um caminho sensato, a maioria das pessoas seguirá conectada a ela. O problema surge quando uma importante transformação é mal comunicada e mal compreendida. Quando isso acontece, as pessoas podem sentir-se pressionadas a aceitá-la e fingir uma conexão que não existe, o que tende a se tornar um problema ainda maior que a resistência explícita. É fundamental promover um diálogo aberto entre colaboradores, clientes, parceiros e até clientes. É neste ponto que a Agência Sabiá desempenha um papel central.”
Pedro Braga, Diretor-Geral da Agência Sabiá
A comunicação na Gestão da Mudança pode ser aplicada por uma ampla variedade de organizações que buscam implementar mudanças significativas em seu ambiente de atuação. Isso inclui empresas de diversos setores, organizações sem fins lucrativos, instituições educacionais, órgãos governamentais, instituições de saúde, ONGs, entidades da sociedade civil e instituições de pesquisa, entre outros. Basicamente, qualquer entidade que esteja passando por um processo de transformação e deseje garantir uma transição bem-sucedida pode se beneficiar da comunicação para a Gestão da Mudança.
Confira a seguir, alguns dos projetos de Gestão da Mudança realizados pela Agência Sabiá.
A comunicação na Gestão da Mudança foi aplicada durante a implementação do Salesforce em 2021, com foco nas etapas de Conscientização e Desejo, utilizando o modelo ADKAR. A boa comunicação desempenhou um papel significativo no sucesso da adoção da nova ferramenta de vendas, especialmente no contexto de trabalho remoto. Em geral, projetos que incorporam a Gestão da Mudança e uma comunicação eficaz mostram maior aderência das aplicações liberadas e um aumento no engajamento, com um ganho estimado de 20% a 30% no envolvimento dos Key Users e usuários finais, destaca Antônio Albérico de Souza Santos, Gerente de TI na Cibra.
Ter uma equipe dedicada à comunicação em projetos de mudança foi um diferencial importante para a Cibra, uma empresa com foco centrado no cliente e uma abordagem de startup. Isso se torna evidente em projetos como a migração para o SAP S4/Hana, onde a presença de profissionais especializados em Gestão da Mudança e comunicação corporativa é fundamental. A empresa também contou com o apoio da Agência Sabiá como consultoria para auxiliar nos processos de Change Management, implementando com eficiência a metodologia ADKAR, evitando atrasos comuns em projetos que não contam com uma equipe dedicada a esses aspectos.
“A Agência Sabiá transmite uma solidez e qualidade em cada produto entregue, adotando uma abordagem altamente colaborativa que permite ao cliente realizar os ajustes necessários com agilidade e sem comprometer a qualidade das entregas. As reuniões são claras, a metodologia é bem explicada e executada com precisão. A agência promove um diálogo aberto e direto sobre todas as etapas e processos, do início à conclusão. Portanto, é uma escolha válida tanto para processos que já possuem uma equipe de change quanto para aqueles em que não se tem ideia de como abordar a Gestão da Mudança.”
Antônio Albérico de Souza Santos, Gerente de TI na Cibra
A então DSM, hoje DSM-Firmenich, aplicou a comunicação na Gestão de Mudança, que tinha como foco a segurança e uma reestruturação do departamento de segurança, mas também expandiu para abordar a Gestão da Mudança relacionada ao retorno dos funcionários aos escritórios após a pandemia. A empresa desenhou em conjunto com a Agência Sabiá um projeto que simbolizasse a chegada ao futuro, chamado de “NEWORK”, reconhecendo a importância de comunicar as mudanças envolvendo ativamente os colaboradores em todo o processo.
Neste projeto, a Sabiá entrou com a Gestão da Mudança e a comunicação para a Gestão da Mudança. “Geralmente, as empresas que estão no mercado são focadas em uma ou outra coisa. E esse combo fez a diferença no projeto. Os resultados e os feedbacks foram muito positivos, porque, de fato, os colaboradores viram que a DSM estava conectada e até hoje colhemos os frutos.”
Giseli Cristina de Pinha Daniel, Gerente de RH para a América Latina DSM-Firmenich
Durante o projeto, foi realizada uma pesquisa abrangente, que incluiu entrevistas para entender as diferentes necessidades e percepções sobre a mudança, resultando em uma iniciativa muito mais participativa. No processo, a empresa identificou três principais personas: administrativo, vendas e plantas. Cada uma recebeu abordagens específicas para acomodar suas necessidades, como o trabalho híbrido, flexibilização de benefícios e bem-estar. Além disso, foram desenvolvidos uma marca, slogan, aplicativo e campanha para refletir a modernização e a descomplicação da nova maneira de trabalhar. O projeto foi considerado um sucesso, com alta aderência e absorção pelas equipes, demonstrando a eficácia de uma abordagem integrada à Gestão de Mudança.
“Quando você aplica comunicação para além de uma ferramenta e faz isso de forma integrada, pensada junto com o projeto de mudança, consegue chegar a um resultado muito mais refinado. O trabalho de change management com a Sabiá estava interligado a um projeto global, mas focou nos aspectos da região. E isso foi um diferencial.”
Andreia Fernandes, Gerente de Comunicação Interna para a América Latina da DSM- Firmenich
A Gestão da Mudança é um elemento essencial para a evolução e o crescimento de qualquer organização e uma das tarefas mais desafiadoras para líderes e gestores. No entanto, uma gestão eficaz da mudança não é possível sem uma comunicação estratégica e abrangente.
Seja uma empresa que está implementando uma nova tecnologia, reestruturando equipes ou adotando uma nova estratégia de negócios, a capacidade de liderar com sucesso uma transição é fundamental para o crescimento e resultados a longo prazo.
Neste artigo, exploraremos o papel fundamental que a comunicação desempenha na Gestão da Mudança organizacional e como ela pode ser a chave para o sucesso em momentos de transformação.
A comunicação para Gestão da Mudança é uma abordagem estratégica que envolve o planejamento, a implementação e o gerenciamento da comunicação durante processos de transformação organizacional. Seu objetivo é garantir que as mensagens relacionadas à mudança sejam compreendidas, aceitas e internalizadas por todos os membros da equipe e partes interessadas.
Quais os benefícios da comunicação para Gestão da Mudança?
A comunicação na Gestão da Mudança desempenha um papel criativo e crítico na criação de consciência da necessidade da mudança. Quando bem planejada e aplicada, dentro de um plano de Gestão da Mudança, motiva e incentiva a participação ativa das pessoas envolvidas. Uma comunicação aberta, transparente e inclusiva durante a Gestão da Mudança pode fortalecer a cultura de confiança e a colaboração.
“A mudança muitas vezes traz incerteza, o que pode causar ansiedade. A falta de compreensão das expectativas pode levar à confusão e mal-entendidos. A comunicação na Gestão da Mudança fornece diretrizes claras sobre o que é esperado de cada membro da equipe durante o processo de mudança e ajuda a dissipar a incerteza, aumentando a confiança no processo. Podemos gerir uma mudança sem o foco na comunicação, mas as pessoas gostam de se tornar parte do processo e a comunicação ajuda nisso, pois conseguimos integrar diferentes públicos com diferentes formas de comunicar.”
Niedja Anjos, Head de atendimento na Agência Sabiá
A comunicação na Gestão da Mudança ajuda a coletar informações, opiniões, avaliações ou comentários dos envolvidos ao longo do processo de mudança. O que possibilita ajustes e melhorias contínuas na estratégia de mudança. Dessa forma, permite identificar e abordar as preocupações, reduzindo a resistência e promovendo uma transição mais suave.
A comunicação eficaz envolve os membros da equipe desde o início, mantendo-os informados sobre os objetivos da mudança e as razões por trás dela. Isso ajuda a criar um senso de propósito e comprometimento, fundamentais para o sucesso da transição.
A resistência à mudança é um obstáculo comum. Através de uma comunicação transparente e honesta, é possível abordar as preocupações dos indivíduos no processo, dissipando os temores e criando um ambiente mais receptivo à mudança.
a falta de compreensão das expectativas pode levar a confusão e mal-entendidos. A comunicação eficaz fornece diretrizes claras sobre o que é esperado de cada membro da equipe durante o processo de mudança.
A comunicação não deve se limitar a fatos e números. Ela também deve inspirar e motivar a equipe, mostrando como a mudança pode trazer benefícios para a organização e para os indivíduos envolvidos.
Para uma comunicação eficaz em Gestão da Mudança, é importante seguir uma série de passos bem definidos para garantir que a transformação seja compreendida, aceita, internalizada e adotada com sucesso.
A Agência Sabiá possui pessoas certificadas pela Prosci, que tem como um dos elementos centrais o ADKAR, um modelo muito popular nas organizações, que abrange as cinco etapas essenciais da mudança: Conscientização, Desejo, Conhecimento, Habilidade e Reforço (em inglês: Awareness, Desire, Knowledge, Ability, Reinforcement).
A primeira etapa é a criação da consciência, onde é comunicado que a mudança está prestes a acontecer. Nessa fase, é importante que as pessoas entendam o que exatamente irá mudar. Em seguida, desenvolve-se o desejo, enfatizando os benefícios da mudança para motivar a equipe. A terceira etapa busca ampliar o conhecimento, garantindo que todos compreendam profundamente o que fazer e os passos a seguir na jornada da mudança, estabelecendo confiança.
A penúltima etapa é a da capacitação, na qual as pessoas recebem treinamento e recursos para se prepararem para o futuro e utilizarem as ferramentas necessárias. Por fim, o último estágio é o reforço, que ocorre ao longo do processo de mudança, proporcionando apoio contínuo, comunicando resultados e fortalecendo a importância da transformação.]
“Passamos por transformações o tempo todo, em um ritmo cada vez maior. A comunicação chega para ampliar a fluidez do processo de Gestão da Mudança. É uma ferramenta, que se faz presente nas pesquisas do processo, nos comunicados, vídeos, reconhecimentos, celebrações e brindes, ou até em uma imersão num off-site. Quando conseguimos trazer as pessoas para a mudança que a empresa quer realizar, todo mundo segue na mesma página, engajado e junto. E quando vai junto, faz o seu melhor. Para isso, é preciso fazer uma imersão na realidade da empresa e das pessoas com empatia.”
Mariana Oliveira, redatora especialista da Agência Sabiá
Antes de iniciar qualquer processo de mudança, é fundamental realizar uma pesquisa para entender as possíveis resistências que podem surgir. Isso envolve identificar onde elas estão localizadas, seja em equipes, departamentos ou entre indivíduos. Conhecer os pontos de atenção permite que você esteja preparado para abordá-los de maneira criativa e eficaz durante a implementação da mudança.
Com base na pesquisa inicial, desenvolvemos um plano de comunicação detalhado. Isso inclui definir metas claras, identificar os principais públicos-alvo, determinar os canais de comunicação mais apropriados e estabelecer um cronograma. O planejamento é fundamental para garantir que a comunicação seja organizada e direcionada.
Envolvemos a administração e a liderança da organização desde o início. A liderança desempenha um papel fundamental na influência e no estabelecimento de um exemplo positivo durante a mudança. Ela deve estar comprometida com os objetivos da transformação e ser visível para apoiar a implementação.
Esta é a fase de execução do plano de comunicação. É importante comunicar de maneira clara e consistente os objetivos da mudança, os benefícios esperados, o progresso e qualquer informação relevante. Certifique-se de adaptar a mensagem aos diferentes públicos e variedade de canais.
A comunicação não deve ser um evento único, mas sim contínua ao longo do processo de mudança. O reforço do conhecimento envolve repetir as mensagens-chave, fornecer atualizações regulares e continuar a comunicar aos envolvidos sobre as mudanças e suas implicações. Isso ajuda a manter o foco e o comprometimento durante todo o processo.
Após a implementação da mudança, avalie os resultados e o impacto da comunicação. Se a mudança for bem-sucedida, é hora de encerrar o ciclo e reconhecer as conquistas. No entanto, se houver desafios persistentes ou mudanças adicionais, o processo pode precisar ser reiniciado com base no feedback e nas lições aprendidas.
Na sexta-feira (29), as passarinhas e passarinhos da Agência Sabiá realizaram a segunda sessão de Diversidade no Ninho de 2023. Trata-se de uma ação interna de clima para que a equipe possa estar em contato com temas relevantes da sociedade, fomentando a construção de um pensamento mais crítico, amplo e empático. Nesta ocasião, o tema escolhido foi “Variação e preconceito linguístico: quebrando paradigmas para uma comunicação mais inclusiva.”
Estiveram à frente da conversa duas pessoas da nossa equipe, ambas responsáveis pela escrita criativa dentro da Agência. Lucas Custódio, por sua formação em Letras pela Universidade de São Paulo e trajetória trabalhando com linguagem, abordou um tema muito discutido pela sociolinguística: os mitos perpetuados pelo preconceito linguístico. A segunda parte da conversa ficou por conta de Mariana Oliveira, comunicadora social e publicitária com vasta experiência na aplicação prática da língua portuguesa, que demonstrou como podemos utilizar a comunicação de uma forma mais inclusiva.
“Na grande maioria das vezes, abordamos ‘diversidade’ a partir de pontos macro na sociedade, mas nos esquecemos de analisar outros que talvez não sejam tão evidentes e que podem contribuir para a sua compreensão na totalidade. Por não haver um debate consciente sobre as mais diferentes formas de preconceito linguístico, ele acaba por mascarar outras formas de preconceito que a nossa sociedade já reconheceu como inaceitáveis. Podemos dizer que uma pessoa com pouco domínio da gramática normativa é menos inteligente ou capaz que uma que recebeu essa instrução formal, por exemplo, contribuindo para ampliar o abismo social que já existe.” explica Custódio.
Com influência direta da obra “Preconceito Linguístico: o que é, como se faz”, de Marcos Bagno, durante a sessão foram abordados alguns mitos que continuam sendo perpetuados mesmo após a publicação do trabalho, em 1999.
Antes de abordar os mitos propriamente, Custódio cria um adendo, evidenciando que precisamos nos atentar a dois pontos para melhor compreensão: primeiro, a língua apresenta um alto grau de variabilidade e diversidade que não consegue ser freado pela criação de regras gramaticais. Segundo, todas as pessoas, em algum nível, apresentam comportamentos que reforçam o preconceito linguístico de alguma forma, em uma base diária.
É evidente que até mesmo quem não se insere diretamente no contexto de fala da língua portuguesa é capaz de perceber que ela apresenta variações. Porém, em certo nível, acredita-se que, mesmo com a rica diversidade de variações, a língua apresenta um “padrão” linguístico, representada pela norma estipulada e amplamente difundida nos ambientes acadêmicos.
Na realidade, a ideia de um padrão linguístico para a língua portuguesa não é só um mito como também é completamente impraticável, tendo em vista que a variação que ocorre na língua é atravessada por diversos fatores, como temporalidade, localização geográfica, comunidades linguísticas, grau de escolarização etc.
Ao acreditar-se que há um padrão, todas as outras variações (que são tão válidas quanto), acabam se posicionando à margem da sociedade, como uma forma não padrão e inaceitável. Esse abismo linguístico cria espaços sociais que não podem ser frequentados por quem não tem acesso a uma educação formal, ampliando a desigualdade social.
Tal mito é o que talvez mais passa despercebido, muito pelo fato de que essa crença é resultado de um sistema de ensino de língua engessado e pouco prático. Acredita-se que a língua portuguesa é aquele recorte mensurado na escola, nos ensinos fundamental e médio, com nomes difíceis e formas gramaticais nunca utilizadas em uma frase corriqueira no dia a dia.
A verdade é que toda pessoa que é falante nativa e que passa pelo seu processo de aquisição de linguagem de forma plena sabe utilizar todas as estruturas que a língua nos proporciona. Saber empregar uma língua significa conhecer e empregar com naturalidade as regras gramaticais básicas de seu funcionamento. Por exemplo, você jamais verá uma pessoa com português como língua materna dizendo algo como “O menino chegou aqui na semana que vem”.
Um dos mitos mais prejudiciais, porém amplamente difundido, é o de que falar “errado” como equivalente à falta de instrução caminha lado a lado com a ideia de que existe uma variação do português que é “padrão”. Mas é preciso cautela ao tentar classificar algum fenômeno da língua como erro, uma vez que pode fazer parte de um processo linguístico que já está em vigor há séculos.
Como exemplo, foi utilizado o fato de um determinado grupo de pessoas substituir o “L” em um encontro consonantal por “R”, como ocorre em “bicicreta” (bicicleta), “pranta” (planta) e “chicrete” (chiclete). Apesar de ser uma variação associada a uma população carente, portanto, desprestigiada, o fenômeno é recorrente na história da língua portuguesa: chama-se rotacismo. Palavras como branco, fraco e prata — que são amplamente aceitas na gramática atualmente — originaram-se da mesma forma, a partir das formas blank, flaccu, plata.
Logo, aceitar tais termos, mas rejeitar outros que passam pelo mesmo fenômeno fonético trata-se puramente de preconceito, não se tratando de uma questão linguística, senão política e social.
No quarto e último mito, abordam-se noções que acabaram confundindo-se ao longo do tempo: a escrita e a fala. A fala é a maneira mais natural de expressão de uma língua. É como nos comunicamos na maior parte das vezes. Ela é muito mais fluida, logo, muito mais suscetível a variações. A escrita, ao contrário, foi criada como uma forma de representação dessa fala, assim, seria possível armazenar ideias e sentidos provenientes da fala em um padrão que seria compreensível para qualquer falante.
Desse modo, é necessário compreender que a ortografia existe e deve ser respeitada para que seja possível compreender a linguagem escrita. Mas, a mesma “palavra” representada por caracteres pode ter diferentes variações fonéticas, levando a uma interpretação distinta. É como uma receita, é necessário seguir uma lista de ingredientes para alcançar o resultado, mas cada pessoa (ou grupo) tem sua forma de executá-la.
Pode ser bastante complicado acabar com algo que está tão enraizado e difundido pelo sistema educacional. No entanto, ao conscientizar-se da existência do preconceito linguístico, há algumas coisas que podemos fazer para evitar perpetuá-lo.
“É importante lembrar, contudo, que especialistas do âmbito da linguagem não querem promover uma espécie de caos gramatical, em que absolutamente tudo é válido. Ainda existem diferentes contextos em que diferentes facetas da língua devem ser utilizadas. Assim, devemos compreender que não existe uma fórmula mágica para todas as pessoas falantes de uma língua, e que deve-se respeitar todas as variações, pois elas fazem sentido em algum determinado contexto,” finaliza Custódio.
No segundo momento da conversa, Mariana Oliveira traz em foco a utilização da linguagem como mecanismo reprodutor de significados sociais. A partir do momento em que um indivíduo nasce, ele é constantemente atravessado por sentidos e significados consolidados pela linguagem. Logo, Oliveira corrobora o conceito de que a língua, como manifestação da linguagem, é um campo de luta política.
“Mais do que contratar e ter uma equipe diversa, é sempre questionar-se o que as organizações estão fazendo de fato para que as pessoas se sintam incluídas. Parte dessa mudança acontece a partir de como posicionamos nosso discurso, afinal, mudando a língua, podemos modificar a nossa realidade. Isso se reflete no uso de uma linguagem empática e isenta de estereótipos e preconceitos”, explica Oliveira.
Em prol de conseguir promover a inclusão por meio da linguagem, Oliveira apresenta 5 pilares que podem ser utilizados como alicerces para estruturar uma comunicação mais empática e inclusiva.
O primeiro dos pilares, a empatia, foi apresentado como a capacidade de compartilhar, perceber e se conectar com os sentimentos alheios, sendo capaz de enxergar a vida pelas lentes de outra pessoa.
“Muito me incomoda o termo ‘calçar os sapatos de outra pessoa’, pois não é isso que é empatia. Apesar do calçado ser de outra pessoa, os pés e a trajetória trilhada ainda são seus. Por isso, empatia é mais sobre entender aquilo que outra pessoa enfrenta a partir do seu próprio filtro de emoções e o que você pode fazer para se solidarizar com ela.
Apesar do nome, a técnica RASA não é nada superficial. Ela serve para demonstrar como podemos praticar uma melhor escuta e, consequentemente, promover uma comunicação mais assertiva. O termo é um acrônimo para Receber, Apreciar, Sintetizar e Perguntar (ask).
Lugar de fala é apresentado como um espaço subjetivo, muito abordado atualmente, que visa destinar a fala para indivíduos ou grupos que vivenciam diretamente o assunto do que se trata ou de reservar esse espaço para quem normalmente não têm oportunidades de ocupá-lo. É uma discussão sobre protagonismo e silenciamento dentro do campo do discurso.
Dentro da comunicação inclusiva, é importante o reconhecimento dos devidos lugares de fala, para não silenciar ou atravessar o discurso de uma pessoa que deveria estar ocupando aquele espaço, seja porque não tem oportunidades ou porque diz respeito à sua vivência enquanto indivíduo na sociedade.
É uma forma de estruturar o discurso que contempla pessoas que não se identificam nem com o gênero feminino, nem com o gênero masculino — logo, uma linguagem não binária. Ainda há diversas discussões de como essa comunicação deve acontecer, em prol de fazer com que seja acessível a todas as pessoas, inclusive àquelas que necessitam de leitores especiais por conta de deficiências visuais.
Enquanto alguns grupos defendem a utilização do “e” como neutralização dos morfemas desinências de gênero (como o “todes”, no lugar de todos e todas), também é possível escolher construções inteiramente neutras já inseridas na língua portuguesa, como “É um prazer ter vocês aqui” no lugar de “Sejam bem-vindos”.
Outro ponto polêmico da gramática normativa da língua portuguesa é o fato de haver uma “masculinização” do gênero de indivíduos em plural ou a partir de determinados termos. Ocorre quando um grupo de pessoas é resumido a “eles”, mesmo havendo pessoas de outros gêneros presentes, ou quando “homem” é metonímia para “humanidade”, por exemplo.
A adoção de uma linguagem não sexista é importante para desconstruir o imagético de que há apenas homens em posição de poder ou relevância. Ocorre quando uma equipe de profissionais de medicina é chamada de “os médicos”, mas um grupo de enfermagem é referido como “as enfermeiras”, sendo que ambos papéis são desempenhados por qualquer um dos gêneros.
Ao final da conversa, Custódio e Oliveira fizeram um convite para que cada pessoa refletisse mais no espaço que a linguagem ocupa em seu cotidiano e em como contribuir para construir mais pontes do que muros nas trocas e relacionamentos interpessoais.
BBN é uma rede global de agências B2B, que reúne mais de 1.200 especialistas em comunicação e marketing em 29 países.
A Agência Sabiá anunciou esta semana sua associação à BBN, uma rede global de agências de marketing B2B, que nasceu na Europa, mas alcança atualmente mais da metade dos países das Américas do Norte, Central e do Sul. Os parceiros da BBN têm mais de 500 clientes de 23 setores B2B diferentes, gerando mais de US$ 185 milhões em faturamento global.
Segundo Pedro Braga, fundador e diretor-executivo da Agência Sabiá, a parceria com a BBN faz parte da estratégia de aceleração do crescimento da Sabiá, por meio da colaboração entre os parceiros para alavancar cada vez mais a competência técnica e a capacidade de atendimento do time da Agência, além do acesso a referências e networking globais em todas as frentes de atuação da Sabiá.
“Nosso mote na Sabiá é Construir Parcerias que Inspiram. Então, sabemos da importância da conexão de qualidade com nossos clientes, fornecedores e parceiros. Neste sentido, a escolha da BBN como uma rede internacional para participarmos nos posiciona em um grupo ainda mais amplo de colaboração, que compartilha nossos valores e abre possibilidades de expansão do nosso negócio e também do suporte ao crescimento dos nossos clientes”, avalia Braga.
Em seu eixo de atuação Growth Latam, a Sabiá se posiciona como uma parceira estratégica para a área de marketing de clientes nacionais e internacionais no Brasil e na América Latina. Neste eixo muito especializado em empresas B2B do setor de tecnologia, a Agência atua em ativações digitais, campanhas, geração de leads e eventos de relacionamento com foco no crescimento na região. Já no eixo Cultura e Aceleração de Engajamento, a Sabiá atende grandes empresas em processos complexos de mudança, e atua na comunicação para o engajamento e conscientização dos colaboradores, promovendo uma evolução conjunta à organização.
A BBN é, atualmente, a principal rede global de agências de comunicação B2B do mundo. Tem uma história de mais de três décadas de colaboração, na qual agências de todo o mundo trabalharam em conjunto para desenvolver e utilizar uma abordagem altamente eficaz, uniforme e estruturada à estratégia de marca, relações públicas, marketing e serviços criativos para garantir resultados premiados para clientes em todo o mundo.
“Estamos muito felizes em integrar a Sabiá à nossa rede. A Sabiá conquistou grande reputação e uma lista impressionante de clientes satisfeitos. A adição da Sabiá à nossa rede reforça a presença da BBN nas Américas, especialmente na América do Sul e ajudam a BBN a solidificar sua capacidade em marketing e comunicações corporativas”, avalia Annette Poyser, diretora-executiva da BBN.
Para saber mais sobre a BBN, acesse: bbn-international.com
Para saber mais sobre a Sabiá, acesse: https://agenciasabia.com.br/
Conheça a expertise da Agência Sabiá em realizar eventos no mercado B2B com foco em tecnologia, atraindo um público tomador de decisão e altamente especializado, não somente no Brasil, mas em países vizinhos na América Latina
Eventos são ferramentas estratégicas para as empresas. São nesses encontros, que podem ser realizados nos mais variados formatos, que empresas e profissionais se conectam, ampliam relações, conhecem produtos e serviços e impulsionam novas oportunidades. Mas, como realizar um evento que promova resultados relevantes e faça valer o investimento?
A Sabiá, agência com forte atuação no setor de tecnologia, tem se destacado no mercado por ir além dos modelos prontos e oferecer aos seus clientes eventos totalmente alinhados aos objetivos de negócio e capazes de promover uma efetiva conexão com o público-alvo para geração de resultados relevantes.
Com expertise na estruturação de um evento do começo ao fim, a Sabiá é responsável por todos os processos que envolvem a organização de uma iniciativa como esta: a avaliação dos objetivos, o desenho da experiência, a estratégia de atração de público, o relacionamento com palestrantes e parceiros, além do pós-evento, como avaliação de dados e informações até suporte para equipes de vendas.
Os projetos entregues pela Sabiá são, em sua maioria, voltados para empresas B2B com foco em tecnologia – principalmente software e SaaS – que procuram soluções completas para a realização de eventos no Brasil ou em países vizinhos na América Latina.
Entre os eventos de 2023, o “Transformação ITSM”, voltado para clientes e parceiros da multinacional australiana de softwares Atlassian, foi realizado em duas edições: uma no Brasil e outra no México. Os eventos contaram com um público de mais de 200 pessoas e foram planejados de forma estratégica para que estivessem alinhados aos objetivos de negócio da Atlassian. Somente na edição realizada no Brasil, mais de 300 leads foram gerados. No México, esse número chegou a quase 150.
André Palma, partner manager da Atlassian, afirma que para a realização dos eventos na empresa é fundamental entender qual é o retorno esperado com o investimento e, com isso, definir as estratégias. Por isso, segundo ele, a Sabiá tornou-se uma importante parceira, especialmente pelo amplo conhecimento que possui na área.
“A Sabiá se destaca por ter um conhecimento específico sobre a área de tecnologia, sendo capaz de compartilhar insights e experiências que deram ou não certo em outros eventos, nos oferecendo ideias fora da caixa”, avalia o executivo.
Com muitos anos dedicados à área, o mercado altamente especializado da tecnologia tornou-se expertise da Sabiá, levando a uma compreensão clara do que o público deste setor espera nesses encontros, desde o formato ao conteúdo e possíveis conexões.
“Nós conhecemos o mercado e o perfil dos profissionais da tecnologia, por isso entendemos como eles se conectam. Dessa forma, temos condições de sugerir ao cliente não apenas as ações de comunicação, mas toda a estrutura do evento, apoiando essa empresa localmente”, explica Pedro Braga, diretor-executivo da Sabiá.
Adicionalmente ao entendimento do mercado, a habilidade de se conectar aos objetivos de negócio da empresa e, a partir disso, pensar em como medir se os objetivos estão sendo atingidos é outra competência bem-avaliada da Agência Sabiá por seus clientes. Neste primeiro semestre de 2023, por exemplo, a Sabiá foi a agência responsável por toda a infraestrutura e experiências do “Future Stack”, evento da multinacional de tecnologia New Relic, que ocorreu em São Paulo. Com grande parte do time localizado no exterior, a Sabiá foi o principal ponto de contato no Brasil para toda a organização do evento.
Jennifer Merkle, diretora sênior de marketing para Américas e ABM na New Relic, baseada na Califórnia, comenta que, quando começa a projetar um evento, pensa de imediato em como medir os objetivos de negócios a serem atingidos, sejam eles ampliar o funil de vendas, conquistar novos leads ou mesmo aumentar o número de pessoas que usam a ferramenta dentro das empresas que já são clientes. “Antes de começar o evento, é importante pensar no que você vai medir. Isso vai nos guiar na estruturação do evento como um todo”, comenta.
Merkle avalia que embora exista um apetite por eventos presenciais no pós-pandemia, os profissionais do marketing precisam considerar que há muitos eventos que competem na mesma linha de iniciativas. “Temos que dar uma razão para o cliente vir ao nosso evento, por isso buscamos fazer eventos únicos”, comentou a executiva.
As conexões entre os parceiros, patrocinadores e fornecedores também estão no escopo de atuação da Sabiá. Como um exemplo, os eventos da Atlassian produzidos pela Sabiá este ano tinham foco em dar visibilidade aos parceiros da multinacional no Brasil e no México. Para isso, esses parceiros apresentaram cases de sucesso relacionados às soluções da multinacional e como elas resultaram em relevantes mudanças para seus clientes, geralmente grandes nomes da indústria.
Para que as apresentações pudessem ter impacto no público, a equipe da Sabiá fez a curadoria do conteúdo, apoiando os parceiros nas apresentações e extraindo os melhores cases a serem apresentados. Os materiais também foram adaptados para o público não especializado. A proposta, segundo a atendente de contas da Sabiá, Aline Mariano, era tornar as apresentações acessíveis também às equipes de Recursos Humanos ou Marketing, por exemplo, que não possuem conhecimento técnico das soluções, mas que muitas vezes têm papel decisor na avaliação das ferramentas corporativas e buscam conhecer como elas podem ser aplicadas em seus departamentos e trazer melhorias no dia a dia.
“Esses tipos de conteúdos são bastante especializados, mas temos uma equipe altamente qualificada que consegue deixar os materiais mais acessíveis para que outros profissionais entendam. Fizemos um trabalho de conexão com os parceiros Atlassian para apoiá-los nessas apresentações e extrair os melhores cases a serem compartilhados”, explica Mariano.
Landing page do evento, produção dos materiais de comunicação para ativação no Linkedin e canais do cliente e dos parceiros também são frentes de apoio importantes na organização de um evento. O “enxoval de promoções”, com variações de peças para que cada parceiro possa utilizá-los nos canais que mais eficientes, acaba sendo uma ferramenta poderosa na atração assertiva do público-alvo desejado no evento.
“Conseguimos adaptar as peças para cada parceiro para que o público-alvo do evento seja atraído de forma mais assertiva. E o resultado tem sido bastante positivo, com o alcance de um público extremamente qualificado”, afirmou Mariano.
O dia 28 de junho é considerado mundialmente o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+. Para celebrarmos essa data, preparamos um guia rápido com tudo que você precisa saber para tirar dúvidas sobre a vivência e existência desse grupo tão marginalizado em nossa sociedade.
O dia 28 de junho foi a data escolhida internacionalmente para celebrar o orgulho por conta da Revolta de Stonewall. Na mesma data do ano de 1969, o bar Stonewall Inn no East Village (Nova Iorque), foi palco de um conflito entre frequentadores e policiais. É importante frisar que, na época, a homossexualidade era criminalizada e integrantes da comunidade, marginalizados. O bar Stonewall era um local clandestino que servia como ponto de encontro, reconhecimento e proteção para pessoas queer. Após muitos casos de violência e truculência policial, naquela noite, a comunidade disse “basta!” e decidiu reagir. Seguiram-se 10 dias de conflito e manifestações nas ruas, com bastantes feridos, mas nenhuma morte.
A partir do ano seguinte começou-se a comemorar essa data, lembrando-se da revolta que havia ocorrido e da mensagem de orgulho que havia sido transmitida. No Brasil, a primeira edição foi no dia 28 de junho de 1997 e teve adesão de cerca de duas mil pessoas. Atualmente, a ONG Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOLGBT-SP) é responsável por organizar o evento anualmente, que ocorre durante o mês de junho e conta com atrações artísticas, workshops e feiras culturais.
Em 2023, a Parada LGBTQIAPN+ de São Paulo aconteceu no dia 11 de junho e teve como tema “Políticas sociais para LGBT+ por inteiro e não pela metade”.
Cada letra da sigla representa um grupo pertencente à comunidade. Conforme são reconhecidos, são adicionadas letras para trazer visibilidade a eles dentro desse espectro tão complexo que representa tanto gênero quanto sexualidade. São:
Não. Drag Queens e Drag Kings são pessoas que maximizam estereótipos ligados ao gênero com intuito artístico, como forma de performance. Qualquer pessoa, independentemente de gênero ou orientação sexual, pode fazer parte dessas categorias.
Esses três termos são muito importantes na hora de compreender a vivência de pessoas LGBTQIAPN+. Vamos entender:
Gênero: Muito estudado e debatido, o gênero é atualmente reconhecido como um fenômeno social. São nossas vivências, posicionamentos, expectativas e como a sociedade nos enxerga que definem nosso gênero. Aqui, pessoas podem, em linhas gerais:
Sexo: Sexo é biológico. Aqui estamos falando de indivíduos com tipos diferentes de células sexuais, como óvulos e espermatozoides . Nesse caso, dividem-se em Masculino e Feminino. Porém, é importante ter em mente que isso não é suficiente para delimitar o gênero de uma pessoa, que está muito mais ligado à identidade e reconhecimento social.
Orientação sexual: diz respeito à atração sexual de cada pessoa. Nesse caso elas podem ser, homossexuais, heterossexuais, bissexuais, pansexuais, assexuais etc.
Obs. Gênero e orientação sexual não vêm juntas no mesmo pacote. Uma pessoa transgênero feminina que se relaciona como uma mulher cisgênero está num relacionamento homossexual. Assim como uma pessoa transgênero masculina que se relaciona com uma transgênero feminina está em uma relação heterossexual.
DE JESUS, J. G. ORIENTAÇÕES SOBRE IDENTIDADE DE GÊNERO: CONCEITOS E TERMOS. abr. 2012.
FACCHINI, R. FRANÇA, I. L., VENTURINI, G.. SEXUALIDADE, CIDADANIA E HOMOFOBIA : PESQUISA 10ª PARADA DO ORGULHO GLBT DE SÃO PAULO – 2006. São Paulo: APOGLBT, 2007. Disponível em: http://www.paradasp.org.br/modules/mydownloads/singlefile.php?cid=1&lid=21
GOTARDI, F. M.; DOS SANTOS BASTOS PEREIRA, M. A. M. INCLUSÃO DA POPULAÇÃO TRANS NA CIDADE DE SÃO PAULO E O PROGRAMA TRANSCIDADANIA COMO POLÍTICA PÚBLICA DE APOIO À EMPREGABILIDADE. 2021.
LGBTQIAPN+: mais do que letras, pessoas. UFSC Diversifica, 25 jun. 2021. Disponível em: <https://diversifica.ufsc.br/2021/06/25/lgbtqiapn-mais-do-que-letras-pessoas/>. Acesso em: 21 jun. 2023
Queremos políticas sociais para LGBT+ por inteiro e não pela metade. Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, 4 2023. Disponível em: <https://paradasp.org.br/queremos-politicas-sociais-para-lgbt/>. Acesso em: 21 jun. 2023
Obs.: Optou-se pelo termo “Surdo” capitalizado em decorrência da escolha de uma parte da comunidade em ser representada dessa forma.
A Agência Sabiá recebeu na sexta-feira (19) a tradutora intérprete de LIBRAS, Simone Miyashiro, para a sua primeira Sessão de Diversidade do ano. A iniciativa é uma forma da equipe se manter em contato com questões relevantes que incidem diretamente sobre a sociedade brasileira. A data foi escolhida também em decorrência de sua proximidade com o Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento, que foi celebrado no domingo, 21 de maio.
Simone atuou em diversos projetos e eventos na cidade de São Paulo e, atualmente, faz a tradução e interpretação de aulas para pessoas Surdas em ambientes acadêmicos.
A conversa girou em torno das problemáticas a partir das diferentes visões da surdez, da existência e atuação da comunidade Surda em uma sociedade majoritariamente ouvinte e da organização de tal comunidade a partir de uma língua, a LIBRAS.
Para Miyashiro, partindo de uma abordagem que é voltada ao respeito à diversidade, empatia é importante, mas não é suficiente:
“Não basta ter empatia. Temos que estudar e começar a aprofundar o nosso conhecimento para normalizar a nossa vivência com essas pessoas, fora e dentro do ambiente de trabalho. Não só pessoas Surdas, mas também todas aquelas com alguma deficiência”, recomenda a especialista.
Durante o evento, Miyashiro comentou que há um mito em torno da questão da surdez envolvendo o termo “surdo-mudo”. Por muito tempo utilizou-se esse termo para designar pessoas Surdas por acreditar que existia uma relação entre surdez e mudez. No entanto, pessoas Surdas não são incapazes de produzir som, tendo o aparato fonador, responsável pela produção fonética, perfeitamente funcional. Por conta disso, o termo correto seria somente “Surdo” ou “Surda”.
“A pessoa Surda pode vir a falar, se ela quiser realizar um tratamento fonoaudiológico. Então, a princípio, a surdez não vem acompanhada da mudez. Por isso, eles se identificam como comunidade Surda, pessoa Surda, e isso não é pejorativo,” explica.
Diferentemente da mudez, que não é uma ocorrência tão comum, 10 milhões de pessoas são identificadas como Surdas no território brasileiro, o que equivaleria a 5% do total de nossa população, de acordo com os dados obtidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em seu censo de 2010. Nessa categoria, se encaixam pessoas com perda de audição leve, moderada, grave ou profunda, que é o caso em que já não se escuta nada ou praticamente nada.
Em sua palestra, Miyashiro evidenciou os dois modelos em que se podem enxergar as deficiências, com foco na surdez. Dentre elas estão o modelo médico, que parte do ponto de vista de que é uma incapacidade que pode ser aliviada ou neutralizada, e o modelo social, que enxerga a surdez como diferenças linguísticas e culturais.
A partir da difusão do modelo médico como padrão aceito, se estabelecem alguns pontos críticos e bastante prejudiciais para comunidades como a Surda. Primeiramente, elas passam a ser vistas como um desvio da normalidade, ou seja, passível de normalização. Isso gera uma visão de que essas pessoas dependem da ajuda de outras para integrarem-se à sociedade. LIBRAS, nesse foco, acaba sendo reduzida à língua deficitária, que serve como apoio para que essas pessoas possam se comunicar com a sociedade ouvinte.
O modelo social propõe outro ponto de vista, partindo do pressuposto de que a comunidade Surda é composta por sujeitos independentes, capazes de gerar e produzir conhecimento assim como qualquer outra pessoa na sociedade. Nesse modelo, o ponto recai em sua categorização, já que passam a ser enxergados como uma minoria linguística, que apresenta diferentes —porém válidas— formas de se expressar e se organizar.
“LIBRAS é a segunda língua oficial do Brasil?” Questionou a palestrante, em determinado momento. Em meio a uma atmosfera de incerteza, algumas pessoas afirmavam que sim, enquanto outras diziam que não.
Muitas vezes, é difundida a ideia de que a segunda língua oficial do Brasil é a LIBRAS. O motivo para isso é a lei nº 10.436/2002, que meramente reconhece a Língua Brasileira de Sinais como uma forma legal e oficial de comunicação no território brasileiro. No entanto, Miyashiro esclareceu que LIBRAS não é a segunda língua oficial do Brasil.
“A lei de LIBRAS não a caracteriza como uma língua oficial, e sim como um idioma possível de comunicação. Ou seja, há o reconhecimento de que ela existe, e só. Em países como Holanda e Canadá, que têm segundas línguas instituídas, as leis são escritas no primeiro e no segundo idioma. Nas escolas, são ensinados os dois idiomas. Aqui, isso não acontece com LIBRAS”, compara.
Para a especialista, mesmo que não sirva para institucionalizar a LIBRAS como segunda língua, a lei é um avanço e uma importante ferramenta para a manutenção e a sobrevivência da comunidade Surda enquanto comunidade linguística, pois mantém seus direitos linguísticos assegurados. “A mesma coisa não acontece com outras minorias linguísticas, como é o caso dos povos originários”, explica.
Em relação à Língua Brasileira de Sinais mais propriamente dita, Miyashiro desvela algumas afirmações retiradas do senso comum sobre a língua que não correspondem à realidade. Primeiramente, ela afirma, não podemos cair no mito de que a Língua Brasileira de Sinais é universal. Cada lugar do mundo possui sua própria comunidade linguística de sinais com suas diferenças culturais atravessadas, assim como qualquer língua oralizada, tal qual o Português, o Inglês e o Espanhol.
A partir disso, é necessário dizer que a LIBRAS não é uma língua artificial. Isso significa que ninguém pensou e elaborou a língua, ao contrário, ela surgiu espontaneamente a partir da necessidade de uma comunidade linguística, como ocorre com parte majoritária das línguas naturais. Além disso, ela possui todos os aspectos linguísticos destas, como fonologia, morfologia, sintaxe, semântica e etc. Inclusive, a aquisição da língua em crianças surdas ocorre da mesma forma que nas línguas oralizadas, quando expostas a um ambiente em que a LIBRAS é amplamente utilizada.
Por fim, é necessário afastar a ideia de que LIBRAS equivale a gestos ou é mímica. Também, LIBRAS não é a versão da língua portuguesa em sinais. Ao contrário do que se possa imaginar, a língua de sinais e a língua portuguesa são completamente diferentes e não se baseiam uma na outra.
Veja um pouco sobre os aspectos linguísticos das línguas de sinais que comprovam que se tratam de línguas naturais:
Ao redor dessa comunidade minoritária linguística constrói-se também uma identidade cultural. Em São Paulo, por exemplo, há a Associação de Surdos de São Paulo (ASSP), fundada em 1954, com o intuito de reunir a comunidade e criar um espaço de trocas culturais.
“Hoje em dia, as associações continuam ativas promovendo eventos, festas (…) Muitas vezes, as associações oferecem cursos e a possibilidade de trabalhos voluntários, que é uma ótima oportunidade de conhecer as pessoas e essa comunidade.”
No âmbito do esporte, Simone explica que surdez não qualifica pessoas para as paralímpiadas, muito pelos requisitos específicos que essa população precisaria nos jogos. Além disso, em alguns casos pessoas Surdas não se consideram deficientes, especialmente aquelas que nasceram surdas e/ou adquiriram a língua de sinais no período adequado do desenvolvimento linguístico. Logo, a comunidade Surda tende a organizar seus próprios eventos esportivos. Há inclusive a existência dos Jogos Surdolímpicos, organizados pelo Comitê Internacional de Esportes para Surdos.
A comunidade Surda é bastante ativa também na área literária. Especialmente em capitais, como São Paulo, há bastantes saraus e slams organizados por artistas surdos que apresentam poesias e obras originais construídas em Língua de Sinais. Ainda, há uma tentativa de recriar os clássicos contos de fadas aproximando-os da cultura Surda.
Para quem tem interesse em aprender a LIBRAS ou até mesmo integrar atividades da comunidade Surda, Miyashiro recomenda consultar instituições como a Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS).